Escolher um Presidente da República para Portugal é tarefa fácil. O cargo é pouco complexo e não exige elevado grau de especialização. Para mais, a oferta é vasta e a procura baixa. Não é como se estivéssemos a escolher um canalizador.
Em qualquer dos ofícios, a chave é simples: para que o queremos? No caso do PR, diz a Constituição que o dito representa a República Portuguesa, garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.
Vamos dar de barato que, não obstante as invasões espanholas e os delírios dos nossos caciques, a independência nacional e a unidade do Estado não estão em crise, nem é previsível que o venham a estar, e que a inerência tem a relevância de meia dúzia de paradas e uma ou outra cerimónia protocolar.
Restam ao PR duas funções essenciais: representar Portugal e garantir o regular funcionamento das instituições democráticas. Em termos práticos, noventa e nove por cento do tempo, um PR só representa. No remanescente um por cento do mandato, garante que a coisa pública se mantém nos limites da democracia. Ou seja, no dia a dia é a cara do país e em situação de crise será o bombeiro do sistema.
Segue-se que a escolha de um PR passa então por dois requisitos básicos:
1. Qual dos candidatos ao lugar dá, intra-muros e fora de portas, a melhor ideia do país?
2. Qual deles seria, em caso de crise, capaz de manter a calma e a objectividade, de forma a tomar as decisões certas para resolver o problema no quadro democrático vigente?
Se a estas duas perguntas respondeu com o mesmo nome, tem a decisão tomada. Se as respostas foram diferentes, tem duas hipóteses: ou privilegia a representatividade e vota num putativo Prémio Nobel da Paz com boa imagem, ou prefere saber que na eventualidade dum incidente tem ao leme um tipo
cool e vota num Chefe de Bombeiros com bom senso.
So easy. E que não me agradeçam os indecisos que por aqui passarem. Não têm de quê. Fica a gratidão adiada para o dia em que me pronunciar sobre a questão bastante mais candente da escolha de uma boa engomadeira.